♡ Texto ♡

Maria era dessas garotas que encontramos em cantos solitários nos bares, cafés e livrarias. Se escondia nos livros antigos e nas canções tristes para não atrapalhar o mundo traiçoeiro que corria à sua volta. Ninguém à destinava um segundo olhar, um sorriso, uma chance qualquer de conhecer o ser extremamente doce que se esconde atrás de seus óculos escuros. Ninguém sabe, mas lhe agradava muito a escrita. Transformaram-se em melhores amigas. O papel havia se tornado seu confidente - jamais descartando seus desejos, jamais criticando sua conduta ou batendo a porta após dizer um “cansei de você, me ligue quando se tornar alguém melhor”. O papel, ao contrário das pessoas, não a deixava por um rosto mais sorridente, uma promessa falsa, ou um motivo qualquer inventado de última hora. As palavras, amigas fiéis, confortavam, aconselhavam - vezenquando Maria imaginava um abraço apertado dado pelas palavras enquanto sussurrava com a tinta no papel todas as aventuras de menina sonhadora que era. A escrita, de alguma forma, havia se tornado a melhor parte de sua vida - aquela em que seus desejos se realizavam, no papel -, e assim ela acreditava que eles realmente aconteceriam. Junto das palavras, tornou-se esperançosa, sorridente. Nasceu dentro de Maria uma luz, um brilho, uma sede de viver. Sentiu que conseguiria qualquer coisa que quisesse. Decidiu então que seria feliz, e foi. 

(BoaNoiteCinderela)